domingo, 12 de julho de 2009

Ensaio sobre a cegueira



“E se nós todos fossemos cegos? Mas nós todos estamos cegos. Cegos da Razão”. Esse é o cerne da obra “Ensaio sobre a Cegueira”, do português José Saramago, publicada em 1995, cuja narrativa aborda a ocorrência de uma estranha epidemia - nomeada pelo autor de “cegueira branca” - a qual se espalha rapidamente por uma cidade, fazendo com que os indivíduos infectados sejam postos em quarentena; em condições degradantes e à margem dos serviços estatais, que se mostram ineficientes para conter a inexplicável praga. E, diante desse ambiente de incertezas, em que o sentido físico da visão não mais os acompanham, os infectados devem ser capazes de confiar uns nos outros.

Sobressalta-se, então, no desenrolar do enredo, sobre todos os contaminados, a mulher de um oftalmologista, que é a única não infectada pela doença, cujas aptidões de liderança são claramente perceptíveis, permitindo-se, por conseqüente, correlacionar a ficção ora em comento com o ambiente corporativo.

Tal personagem, com tamanha habilidade, foi capaz de conduzir os indivíduos infectados a melhores resultados do que se estivessem em desunião, sem, no entanto, desvendar, inicialmente, que era capaz de enxergar, ou seja, que não fora acometida pela doença epidêmica. Liderou por influência, e não pelo poder. Para tanto, conquistou a confiança do seu grupo, na medida em que compartilhou todos os fatos externos que aconteciam, impedindo que houvesse uma incontrolável insatisfação, o que tornaria a situação ainda pior.



Dessa forma, no âmbito das organizações empresariais, deve o líder assim proceder, mantendo comunicação aberta com a sua equipe e constante feedback, para que todas as informações externas sejam devidamente transmitidas e os objetivos pré-determinados, cumpridos adequadamente, sem, ainda, privar a manifestação de idéias inovadoras e criativas, o gera motivação no seu pessoal, que trará, ao satisfazer suas necessidades e estados psicológicos, resultados de alto desempenho.

Portanto, o líder deverá usar a “razão para defender a vida”. Não lhe cabe destruí-la “de todas as maneiras, no plano privado, no plano coletivo, de todas as maneiras”. Caberá, sim, construir uma relação de confiança. Por influência, não pelo poder.

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Junior Velani