sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Força do Silêncio

A companhia de flamenco “Antônio Gades”, que recentemente se apresentou em diversas capitais brasileiras, misturando a tradição da dança flamenca com o modernismo introduzido pelo seu fundador, produz sons no silêncio, ou seja, emite-os simplesmente ao dançar, por meio dos passos firmes de seus bailarinos, que, sem o acompanhamento da música, e movidos pelo sangue quente e olhares certeiros, captam o público de uma forma intensa.

Intensidade e sangue quente também não têm faltado na reunião do G-20, que se realiza em Cannes, na França. No entanto, os líderes das principais potências mundiais não demonstram mais nenhuma firmeza nos seus passos. Barack Obama, dos Estados Unidos, mantém a aparência da prosperidade, com o sorriso largo e a desenvoltura de um grande bailarino, mas, ao lado de Ângela Merkel, da Alemanha, e Nicolas Sarkozy, da França, vem sofrendo com o descompasso dos demais líderes europeus na busca de soluções para a crise econômica mundial.

O presidente do governo espanhol, José Luis Zapatero, embora conheça a tradição flamenca como ninguém, uma vez que a dança é um dos símbolos do seu país, perdeu a agilidade e a desenvoltura na execução dos movimentos que caracterizam um típico bailarino flamenco, e, assim como o primeiro ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, dá os primeiros passos de um fado melancólico embalado pelas políticas de resgate econômico que lhe foram impostas.

A Itália, por sua vez, vê o seu primeiro ministro, Silvio Berlusconi, perder completamente o apoio do seu público e sinalizar um arremate (nomenclatura usada para configurar o fechamento de uma movimentação de corpo na dança): já informou que não concorrerá mais ao cargo nas próximas eleições em fevereiro de 2012. Que entre na dança, Angelino Alfano, ex-ministro da Justiça e atual secretário geral do partido “Povo da Liberdade” italiano – seu provável sucessor!

Assim como pregava Antônio Gades, ao revolucionar a dança flamenca, será fundamental que os líderes dos principais países extraíam da “dança” a sua essência, refutando os virtuosismos e o que for supérfluo, para evitar um sonoro silêncio no baile da economia mundial.   

2 comentários:

  1. Texto genial ! Temos esperanças que hajam estratégias econômicas capazes de cobrir o rombo antes que o Brasil seja convidado para o baile...

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  2. Parabéns pelo texto.Introduzir arte no cenário político foi um toque de mestre, para deixar o assunto mais leve, mas é claro, sem perder a sua seriedade. Vá em frente.

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Junior Velani